Escolha Profissional

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Uma escolha que vale uma carreira

por Julio Caldeira
Fonte: Canal RH
Para boa parte dos jovens, o final do ensino médio costuma ser o momento decisivo na escolha do curso universitário e, consequentemente, da carreira a ser seguida. Embora essa situação seja muito comum, especialistas alertam que a escolha da profissão deve ser o resultado de um processo contínuo e anterior aos últimos meses de colégio. E não se trata de uma questão de praticidade. Uma escolha tranquila e consciente tem sido apontada como uma aliada importante para o comprometimento do jovem, tanto com curso a seguir quanto lá na frente, na vida profissional. É o que ressalta a psicóloga Selena Garcia Greca, especialista em orientação profissional e coordenadora de uma pesquisa sobre o tema realizada pelo Guia de Profissões do Portal Educacional. “A escolha da profissão deve ser encarada como um processo decisório e nenhuma decisão acontece em um passe de mágica”, comenta.

Segundo o levantamento, feito entre abril e maio, 54,82% dos alunos do último ano do ensino médio não haviam definido para que curso prestariam, mesmo estando tão próximos do vestibular de julho. E mais: 51% dos entrevistados afirmaram não ter conhecimento para chegar a uma decisão. “Esses números mostram que o jovem não se conhece e não tem informações sobre o universo de cursos e profissões”, constata Selena.

A especialista sugere ainda que a falta de preparo para escolher a faculdade pode impactar a vida profissional, uma vez que esse despreparo aumenta o risco de o jovem cursar algo que não gosta e sair frustrado na foto de formatura – claro, se ele chegar até lá, já que o índice de evasão universitária é de, em média, 40%. “Há cursos que chegam a 80%”, complementa a psicóloga.

Para o jovem que escolheu a profissão de forma mais tranquila e consciente é maior a probabilidade de encarar a realidade do mercado de trabalho também de forma mais madura. “Porque ele escolheu com significado”, diz Selena. Isso porque, segundo a especialista, no momento em que o caminho para esse próximo passo ficou claro, o jovem se viu num novo estágio da vida, no qual, baseado em sua escolha, ele já pode começar a investir na futura carreira. “Isso quer dizer, por exemplo, aprender outras línguas e desenvolver as habilidades que o diferenciam dos outros”, observa.

Exercício do autoconhecimento

Vale lembrar que mudar de curso não condena ninguém ao fracasso. É compreensível que a pressão a que os jovens são submetidos nessa fase da vida contribui para insegurança e dúvida. Para Selena, a palavra-chave é autoconhecimento. Ou seja, partir em busca de uma segunda opção com base em características de perfil e com o máximo possível de informações sobre o curso para o qual se pretende mudar. Se a coisa for mais complicada e não houver nenhuma pista, a saída é não hesitar em pedir ajuda. A família e os professores são as fontes mais procuradas, segundo a pesquisa do Guia de Profissões: 68% dos vestibulandos recorrem aos pais – onde quase metade deles encontra resposta – e 36% vão até os professores.

No caso daqueles que já trabalham, as empresas também têm como acrescentar pontos positivos a essa média. Para o engenheiro de produção Leonardo Machado, sócio da Visagio, terceira empresa que mais contrata jovens, segundo lista do Great Place To Work (GPTW), uma boa experiência no primeiro emprego pode fazer a diferença na hora de escolher o curso superior. “Se a empresa é um bom exemplo de gestão, isso certamente contará positivamente para a impressão do jovem em relação à profissão, não somente do emprego em si”, afirma Machado, alertando que o contrário também vale: “Se essa empresa não tiver estrutura e boas práticas em gestão de pessoas pode impactar negativamente.”

Na visão do empresário, o jovem que está terminando o ensino médio não tem idade para escolher um trabalho movido pela paixão ou pela qualidade do ambiente corporativo – questões mais importantes, segundo avalia, para a turma dos 20 e poucos anos. “Acho que esse jovem tem em mente o sucesso profissional”, analisa. “É a isso que ele atrela todo o resto.” É por esse motivo que o empresário acredita na influência de um bom primeiro emprego. “Essa experiência pode dizer muito do que ele gosta ou não gosta de fazer, do que desperta ou não sua paixão pelo trabalho.”

Decisão incentivada

A Gazin Indústria e Comercio de Móveis e Eletrodomésticos, segunda empresa entre as que mais contratam jovens, de acordo com a lista do GPTW, conhece bem essa realidade. Do quadro de 5.200 pessoas, cerca de 30% está na faixa dos 17 anos. A gerente de Gestão de Pessoas da companhia, Viviane Thomaz, identifica essa indefinição por parte dos jovens. “Até porque, para eles, o mundo trabalho é muito novo”, pondera.

Por isso, a empresa mantém, como parte do pacote de benefícios, o programa Incentivo Universitário, que chega a custear 100% da faculdade dos interessados. A ação tem como principal objetivo qualificar e reter a mão de obra, mas não deixa de contribuir para que os funcionários optem por seguir os estudos, tendo como base a realidade da profissão que eles já desempenham no dia a dia. “Como nós temos diferentes setores – financeiro, recursos humanos, orçamento etc. – são muitas as possibilidades de funções”, avalia Viviane. “E isso ajuda esse jovem a definir a sua carreira profissional, e até a decidir em qual faculdade ele se enquadra mais.”

Não há limite de idade para fazer parte do programa. Os critérios dizem respeito ao tipo de curso escolhido, que deve ter relação com os negócios da empresa, e ao desempenho e conduta do funcionário requerente, que precisa apresentar uma carta de seu superior que ateste seu bom desempenho profissional e comprovar não ter pendências junto a empresas e instituições financeiras.

Fonte: Canal RH

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