Minha filha esta na idade dos “por quês?” Tudo ela questiona com o “por quê?” E a maioria das vezes nem ouve a resposta.
Um dia, já cansada dos “por quês?” incessantes e insistentes, expliquei para ela a importância de fazer perguntas inteligentes e não só ficar repetindo “por quê?”, “por quê?”.
Os “por quês?” não pararam, mas ela realmente aprendeu a fazer perguntas inteligentes.
Uma noite, antes de dormir, ela pediu para eu contar uma história. Este é um grande desafio para mim, inventar histórias. Mas arrisquei…
-Era uma vez, um menininho que se chamava Joãozinho. Joãozinho morava em um sítio do interior e tinha uma vida feliz. Ele ajudava a mamãe e o papai nas tarefas. Todos os dias ele ia pegar água na cisterna para a mamãe cozinhar…
Lelê levanta a mão, para fazer uma pergunta.
Pensei que ela ia reclamar que a história era chata, mas não era isto.
-Não entendi! O que é cisterna?
-Eu respondi: É um poço, que é furado bem fundo na terra até aparecer a água, e continuei…
Mãozinha levantada de novo.
-Ainda não entendi. Como a água está limpa se ela está debaixo da terra? Como ela sai limpa? Como tem água embaixo da terra?
Neste momento me lembrei daquele dia quando falei para ela fazer perguntas inteligentes. No mestrado aprendi que boas perguntas são aquelas que fazem pensar, que geram discussão. Aquela era uma pergunta inteligente, pelo menos para uma criança de 6 anos, e para mim que já me esqueci das aulas de geografia, gerou uma boa discussão.
Tentei explicar com meus conhecimentos, mas ela não ficou satisfeita e disse:
Dá para me mostrar… (estava falando da internet claro), mas eu perguntei: Você quer que eu desenhe?
-Não, me mostra na internet.
Santa internet, me salva (quase) toda vez.
Tudo explicado e visualizado, continuei a historinha…
-Joãozinho ajudava nas tarefas da casa, depois fazia a lição de casa, brincava, tomava banho, almoçava e ia para a escola na parte da tarde.
Mãozinha levantada de novo.
-Se ele só vai a tarde para a escola, por que eu tenho que ir o dia todo?
Esta a internet não explica…
-Lelê, ai é outra história, a sua história, outra noite conversamos mais sobre você, agora já está tarde! Já fazia uns 30 minutos desde o inicio da historinha.
Mas a resposta é simples:
“Você fica o dia todo na escola, pois como a mamãe e o papai trabalham e não tem nenhum familiar para ficar com você em casa. Nós optamos por você ficar em uma boa escola, ter oportunidade de aprender e brincar do que ficar em casa com babá.”
Da próxima vez vou ler Branca de Neve, pensei.
Como é difícil contar uma simples história. Mas eu fiquei feliz em ver que ela está evoluindo, aprendendo a questionar, querendo aprender. E da minha parte cabe aprender contar historias cada vez mais interessantes , já estou treinando.
Um abraço de mãe
Claudia