No Brasil, a ansiedade atinge cerca de 18,6 milhões de pessoas, ou seja, 9,3% da população vive com ansiedade. E esses são os dados de um relatório da OMS de 2019, ou seja, antes da pandemia do coronavírus. A ansiedade patológica inclui vários fatores como a genética, histórico familiar e fatores ambientais. Mas devemos também levar em conta os traumas vivenciados pela pessoa que desenvolve a ansiedade. As principais ansiedades que aparecem aqui no consultório são a ansiedade generalizada, social, pânico, agorafobia e fobias especificas. Segue abaixo a explicação e cada uma delas e também os traumas relacionados.
Sumário
ANSIEDADE GENERALIZADA
A Ansiedade Generalizada, também conhecida como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), é um transtorno mental caracterizado por preocupação excessiva e crônica com uma variedade de eventos ou situações, mesmo que não haja motivo real para preocupação. Pessoas com TAG tendem a se preocupar constantemente com coisas como saúde, finanças, trabalho, relacionamentos e outros aspectos da vida cotidiana.
Os sintomas típicos da ansiedade generalizada incluem:
- Preocupação excessiva e persistente: As preocupações são desproporcionais em relação à gravidade da situação.
- Inquietação: A pessoa pode se sentir agitada, tensa e incapaz de relaxar.
- Fadiga: A preocupação constante pode levar à fadiga crônica.
- Dificuldade de concentração: Pessoas com TAG podem ter dificuldade em se concentrar em tarefas devido às preocupações constantes.
- Irritabilidade: A ansiedade pode levar a mudanças de humor, tornando a pessoa mais irritável.
- Tensão muscular: A pessoa pode sentir tensão muscular, dor de cabeça e outros sintomas físicos relacionados ao estresse.
- Problemas de sono: Dificuldade em adormecer ou manter o sono é comum em pessoas com TAG.
ANSIEDADE SOCIAL
A ansiedade social, também conhecida como fobia social, é um transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo intenso e persistente de situações sociais ou de desempenho, onde a pessoa tem medo de ser julgada, criticada ou humilhada por outras pessoas. Essa ansiedade é desproporcional à situação e pode interferir significativamente na vida da pessoa. Os sintomas da ansiedade social podem variar de leve a grave e podem incluir:
- Ansiedade excessiva: Preocupação intensa e antecipação ansiosa antes de uma situação social ou de desempenho.
- Medo de avaliação: Medo de ser julgado, criticado ou rejeitado pelos outros. Isso pode se aplicar a situações como falar em público(desempenho), participar de uma festa, comer em público, entre outras.
- Sintomas físicos: Pessoas com ansiedade social podem experimentar sintomas físicos, como tremores, sudorese excessiva, rubor facial, náusea, batimentos cardíacos acelerados e dificuldade em respirar.
- Evitação: Muitas vezes, aqueles com ansiedade social evitam situações que desencadeiam sua ansiedade, o que pode levar ao isolamento social e ao prejuízo em relacionamentos pessoais e profissionais.
- Desempenho prejudicado: A ansiedade social pode afetar negativamente o desempenho em atividades acadêmicas, profissionais ou sociais. Por exemplo, um estudante pode evitar apresentações em sala de aula, ou um profissional pode ter dificuldade em falar em reuniões.
- Autoconsciência excessiva: Preocupação constante com o próprio comportamento e a impressão que estão deixando nos outros, o que pode prejudicar a naturalidade nas interações sociais.
- Baixa autoestima: A ansiedade social pode levar a uma diminuição da autoestima e autoconfiança, devido à constante autocrítica e à percepção de falhas nas interações sociais.
- Isolamento: À medida que a ansiedade social piora, a pessoa pode se isolar socialmente, o que pode levar a sentimentos de solidão e depressão.
TRANSTORNO DO PÂNICO
O Transtorno do Pânico, é uma condição de saúde mental que se caracteriza por episódios recorrentes e inesperados de intenso medo ou terror, conhecidos como ataques de pânico. Estes ataques são acompanhados por sintomas físicos e emocionais intensos, que podem incluir:
- Batimentos cardíacos acelerados.
- Sensação de falta de ar ou sufocamento.
- Tremores ou tremores.
- Suor excessivo.
- Sensação de tontura ou desmaio.
- Náusea ou desconforto abdominal.
- Sensação de irrealidade ou despersonalização.
- Medo de perder o controle ou enlouquecer.
- Medo de morrer.
Os ataques de pânico geralmente atingem seu pico em poucos minutos e podem durar de 5 a 20 minutos, embora a pessoa possa sentir os efeitos residuais por mais tempo.
Além dos ataques de pânico, as pessoas com Transtorno do Pânico frequentemente desenvolvem preocupações persistentes sobre a possibilidade de terem novos ataques de pânico, o que pode levar à chamada “ansiedade anticipatória”. Essa preocupação constante com a ocorrência de ataques de pânico pode levar à evitação de lugares ou situações onde a pessoa teve um ataque de pânico anteriormente.
AGORAFOBIA
A agorafobia é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo intenso e irracional de situações ou lugares nos quais a pessoa se sente vulnerável, exposta ou incapaz de escapar facilmente em caso de emergência. Pessoas com agorafobia frequentemente evitam essas situações ou lugares para evitar sentir-se ansiosas ou em pânico. Algumas situações comuns que podem desencadear a agorafobia incluem:
- Multidões: Muitas pessoas com agorafobia evitam grandes multidões, como shoppings, estádios ou eventos públicos, devido ao medo de não conseguirem sair rapidamente se começarem a sentir ansiedade.
- Lugares abertos: Alguns indivíduos temem espaços abertos, como parques ou praças, onde se sentem expostos e vulneráveis.
- Transporte público: Viajar em ônibus, metrô, trens ou aviões pode ser uma fonte de ansiedade para pessoas com agorafobia, devido à sensação de estar preso em um espaço confinado e com pouca possibilidade de saída.
- Lugares isolados: Lugares remotos ou com pouca gente, como estradas desertas, podem ser temidos por aqueles com agorafobia, pois a sensação de isolamento aumenta a ansiedade.
- Filas e esperas: A agorafobia também pode se manifestar como um medo de ficar preso em filas ou salas de espera, onde a pessoa sente que não pode escapar facilmente.
Os sintomas da agorafobia podem variar de leves a graves e podem incluir:
- Ansiedade intensa ou ataques de pânico quando a pessoa está em uma situação temida.
- Evitação persistente das situações ou lugares temidos, muitas vezes levando a limitações significativas nas atividades diárias.
- Sensação de medo ou apreensão constante em relação a possíveis situações de desencadeamento.
- Sintomas físicos, como palpitações, sudorese, tremores, falta de ar, náuseas ou tonturas, quando expostos a situações temidas.
- Preocupação excessiva com a possibilidade de passar mal, perder o controle ou se envergonhar publicamente nas situações temidas.
- A necessidade de ter um companheiro próximo ao enfrentar as situações temidas.
FOBIA ESPECÍFICA
Uma fobia específica é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado por um medo intenso, irracional e persistente de um objeto, situação, animal, atividade ou ambiente específico. Esses medos são desproporcionais ao perigo real representado pelo objeto ou situação e podem levar a uma evitação significativa do que é temido. Os sintomas de uma fobia específica podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem:
- Ansiedade intensa: Quando confrontada com o objeto ou situação temida, a pessoa experimenta ansiedade extrema. Isso pode incluir sentimentos de pânico, terror, nervosismo intenso ou uma sensação avassaladora de medo.
- Evitação: Para evitar a ansiedade associada à fobia, a pessoa pode fazer esforços significativos para evitar a situação ou objeto temido. Isso pode interferir na vida diária e restringir a liberdade da pessoa.
- Resposta fisiológica: A exposição à situação ou objeto fóbico pode desencadear uma resposta física, como aumento da frequência cardíaca, sudorese, tremores, falta de ar, náusea ou sensação de desmaio.
- Reconhecimento do irracional: A pessoa geralmente reconhece que seu medo é irracional e excessivo, mas ainda assim não consegue controlá-lo.
- Impacto no funcionamento diário: A fobia específica pode ter um impacto significativo na vida diária da pessoa, afetando sua capacidade de trabalhar, estudar ou realizar atividades cotidianas.
Exemplos de fobias específicas incluem a fobia de aranhas, a fobia de altura, a fobia de voar,a fobia de agulhas , de animais e muitas outras.
ANSIEDADE RELACIONADA À TRAUMAS
É importante notar que nem todas as pessoas que experimentam traumas desenvolvem ansiedade. O desenvolvimento de uma ansiedade é influenciado por uma combinação complexa de fatores, incluindo predisposição genética, histórico familiar, personalidade e outros fatores ambientais. Porém a experiência traumática explica sim muitas ansiedades.
A psicoterapia de EMDR é baseada no modelo de Processamento Adaptativo da Informação(PAI). O modelo de processamento adaptativo da informação(PAI), supõe que a grande parte das patologias resultam de experiências anteriores ruins da vida e que não foram processadas de maneira saudável e adaptativa. Quando uma situação é muito estressante ou ocorre de forma prolongada as emoções, pensamentos e sensações corporais podem ser experimentadas no presente do mesmo modo de como aconteceu no passado.
A seguir alguns exemplos de traumas e experiências adversas que podem se transformar em transtorno de ansiedade:
TRAUMAS NA INFÂNCIA
- Abusos: Crianças que foram vítimas de abuso têm maior probabilidade de desenvolver ansiedade devido ao estresse crônico, à sensação de falta de segurança e à dificuldade em confiar nos outros.
- Negligência: A negligência emocional ou física na infância pode levar a uma sensação de abandono e insegurança, contribuindo para o desenvolvimento da ansiedade.
- Divórcio dos pais: A separação ou divórcio dos pais pode ser um evento traumático para crianças, e a incerteza e a instabilidade resultantes podem aumentar a ansiedade.
- Morte de um ente querido: A perda de um pai, irmão, amigo próximo ou outro ente querido na infância pode causar ansiedade e preocupação crônica sobre a perda e a segurança dos outros.
- Bullying: Crianças que são vítimas de bullying frequentemente experimentam níveis elevados de estresse e ansiedade, que podem persistir na idade adulta.
- Testemunhar violência doméstica: Ver a violência entre os pais ou cuidadores na infância pode ser extremamente traumático e contribuir para a ansiedade na vida adulta.
- Problemas familiares crônicos: Viver em um ambiente familiar disfuncional, com conflitos constantes e estresse, pode aumentar o risco de desenvolver TAG.
- Problemas de saúde crônicos: Crianças que enfrentam doenças crônicas ou hospitalizações frequentes podem desenvolver ansiedade em relação à saúde e ao futuro.
TRAUMAS EM ADULTOS
- Trauma de guerra: Veteranos de guerra que foram expostos a situações de combate, morte e violência podem sofrer de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e outros traumas relacionados à guerra.
- Violência doméstica: Adultos que foram vítimas de violência física, emocional ou psicológica por parte de um parceiro íntimo podem desenvolver traumas duradouros.
- Acidentes graves: Envolvimento em acidentes de trânsito, acidentes de trabalho ou outros eventos traumáticos, como desastres naturais, podem resultar em traumas físicos e emocionais.
- Abuso sexual: Vítimas de abuso sexual em qualquer fase da vida podem experimentar traumas profundos e duradouros.
- Perda de um ente querido: A morte de um cônjuge, filho, amigo próximo ou membro da família pode ser extremamente traumática e levar a luto complicado ou transtorno de luto.
- Trauma racial ou discriminatório: Pessoas que experimentaram discriminação racial, étnica, de gênero ou religiosa ao longo de suas vidas podem sofrer traumas psicológicos devido a essas experiências.
- Trauma médico: Diagnósticos graves de saúde, cirurgias traumatizantes ou experiências médicas negativas podem causar traumas físicos e emocionais.
- Assalto ou violência: Ser vítima de um assalto, assédio sexual, agressão física ou outros crimes violentos pode resultar em traumas significativos.
- Abandono: Sentimentos de abandono, seja devido a separações, divórcios ou a perda de relacionamentos significativos, podem ser traumáticos.
- Desastres naturais: Sobreviver a desastres naturais como terremotos, furacões, incêndios florestais ou inundações pode causar traumas imediatos e duradouros.
- Experiências de guerra ou conflito: Adultos que vivenciaram guerras ou conflitos em seus países de origem podem carregar traumas relacionados à violência e ao deslocamento.
O importante entender que todas estas ansiedades possuem tratamento. A psicoterapia de EMDR vai reprocessar os traumas relacionados à ansiedade fazendo com que a pessoa tenha uma vida funcional e equilibrada.
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Claudia Carraro
Psicoterapeuta de EMDR e Especialista em Carreiras